100 anos de Gucci: a história de uma das maiores grifes do mundo

Intrigas familiares, paixão por malas e o sonho do sucesso. Todos esses fatores fizeram parte da história de uma das maiores casas de moda do mundo.

A história se inicia em 1897, com Guccio Gucci. Italiano humilde e filho de artesãos, ele começou a trabalhar como porteiro no Hotel Savoy (em Londres), onde a alta sociedade morava. Sua ideia começa com o fascínio que tinha pelas malas dos hospedes que passavam.

De volta à Florença, sua cidade natal, ele conhece sua futura esposa Aida Calvelli, com a qual tivera 5 filhos: Grimalda, Enzo, Aldo, Rodolfo e Vasco. Aida ainda tinha seu outro filho, Ugo.

Em 1902, ele começa a trabalhar numa empresa de couro, a Franzi, onde começa a se interessar e aprender bastante sobre o material. Com isso, seu sonho de abrir o próprio negócio foi ganhando forma.

Já em 1921, Guccio funda sua empresa. Inicialmente, era uma loja especializada em couro, que vendia principalmente malas.

Loja da Gucci em Florença

Em meados dos anos 20, seu filho Aldo Gucci começa a trabalhar na empresa. Alguns anos depois, Aldo conseguiu construir uma loja da Gucci na famosa Via Condotti, em Roma.

Após alguns anos, o material acabou ficando escasso devido à Segunda Guerra Mundial. Na mesma época, a empresa começou a desenvolver sua famosa padronagem em forma de diamante com o GG, as iniciais de Guccio Gucci.

A partir desta época, os outros irmãos também começaram a ter participação ativa na empresa. Após a Segunda Guerra, Rodolfo Gucci se muda para Milão e lá, abre uma loja e uma fábrica da Gucci, que já contou com mais de 100 funcionários.

Em 1947, Aldo Gucci criou a peça ícone que se tornou referência da marca, a Bamboo Bag. Ela ganha destaque por causa de sua alça, que é feita em bambu aquecido e dobrado à mão e por ser usada por várias celebridades.

Bamboo Bag | Foto: Gucci/Divulgação

No início da década de 50, o maior objeto de desejo era uma mala Gucci com cabides dentro. Estas eram usadas geralmente por oficiais de guerra devido à sua praticidade. Além disso, a marca foi uma das primeiras da Europa a “simbolizar” status nessa época.

Aldo começou a se inspirar em elementos da selaria. Passou a utilizar a união de dois estribos com um bridão no centro, que se tornou um dos principais símbolos da marca. Isso também ocorreu com a famosa listra verde e vermelha, presente na maior parte dos produtos Gucci.

Bolsa Gucci Horsebit

Em 1953, a primeira loja da Gucci nos Estados Unidos é inaugurada no Hotel Savoy, em Nova York. Alguns dias após a inauguração da loja, Guccio Gucci morre. Em seu testamento, ele diz que nenhuma mulher poderia ser proprietária da empresa, tirando sua filha Grimalda de cena.

Já nos anos 60, é criada a bolsa Hobo, um dos principais ícones da grife. Quando Jacqueline Kennedy, esposa de John Kennedy, foi vista usando a Hobo, o nome da bolsa acabou virando uma homenagem à primeira-dama, sendo chamada de The Jackie.

Jacqueline Kennedy com a bolsa Hobo | Foto: Getty Images


Ainda nessa década, a princesa Grace Kelly visitou a loja de Milão sem aviso prévio. Aldo então, oferece um presente e ela pede um lenço florido (o lenço Flora), coisa que a marca não tinha e nem produzia. O herdeiro Gucci aceita, com o argumento de que a peça está em produção. A partir disso, ele pede ao ilustrador um desenho baseado no que Grace Kelly queria. Depois de pronto, Aldo entrega o lenço a princesa presencialmente. A estampa floral pedida é declinada em vários outros produtos, se tornando um dos ícones até hoje.

Estampa Flora | Foto: Farfetch/Divulgação

Outra grande criação é o Horsebit Loafer, um mocassin incialmente masculino, que traz a famosa fivela com o estribo. Logo depois, criaram o modelo feminino.

Mocassim Horsebit Loafer | Foto: Getty Images

No final da década de 60, a Gucci abria lojas em Florença e em Los Angeles e continua atraindo grande público, inclusive celebridades. Tanto que sua linha de roupas acabou sendo lançada na alta moda de Roma.

Nos anos 70, a ascensão continuava. A grife lança o perfume Gucci e licencia uma empresa suíça para começar a fabricar relógios para a marca. Até que em 1974, Vasco Gucci morre e seus irmãos (Aldo e Rodolfo) compram sua parte, a qual ficaria para os herdeiros de Vasco.

OS CONFLITOS INTERNOS DA FAMÍLIA

As intrigas familiares tiveram seu auge depois dos anos 80, causadas na maior parte das vezes, por Maurizio Gucci, filho de Rodolfo.

Maurizio conseguiu tirar seu tio Aldo do poder, assumindo a liderança de toda a empresa em 1984, depois da morte de seu pai (Rodolfo). Alguns anos depois, Aldo Gucci vem a falecer.

Nessa nova dinastia, a Gucci enfrenta crises que beiram a falência. Até que no início dos anos 90, ele resolve vender sua parte da empresa para a Investcorp.

Já em 1995, o protagonista Maurizio Gucci é assassinado em Milão. O principal suspeito? Sua ex-esposa Patrizia Reggiani, por ser mandante do assassinato.

Roberto Gucci, Georgio Gucci e Maurizio Gucci em Paris em 1983 | Foto: Getty Images
A ERA TOM FORD E OS ANOS 2000

Com todos esses conflitos, a empresa não andava nada bem, até Tom Ford. Em 1994, o estadunidense foi nomeado diretor-criativo da maison. Com o novo comandante, Gucci renasceu.

Aos olhos de Tom, a sensualidade se torna o novo interesse e ponto crucial da marca. As formas passaram a ser simples, os vestidos passaram a ser justos, as cinturas baixas e os saltos finíssimos.

No tempo em que ficou no poder, Tom relançou os clássicos da grife, como os mocassins e a famosa bolsa The Jackie, e lançou algumas linhas de perfumes. Suas campanhas publicitárias era o que causava mais polêmica pelo conteúdo sexual envolvido.

Campanha de 1996
Adam Senn e Carmen Kass em campanha

Em 2004, Tom Ford abandona o cargo devido à algumas desavenças em torno de seu contrato. Então, quem assume a direção criativa agora é a italiana Frida Giannini, que dá anos de muita elegância à grife. Porém, suas ideias e posições ficaram meio estagnadas e não deram muita identidade à Gucci.

Em 2015, o estilista italiano Alessandro Michele assume a direção criativa da maison. Ele volta com algumas identidades da marca, só que adaptadas para os tempos atuais. Para sua primeira coleção, ele joga fora todas as produções de Frida e produz uma 100% nova faltando uma semana para o desfile.

Alessandro Michele em desfile da Gucci em 2016 | Foto: Getty Images

Michele consegue unir todas as suas inspirações de forma única, tornando a autenticidade uma de suas principais características.

Por defender questões como a sustentabilidade, em 2017 a Gucci anunciou uma atitude de cortar a produção de peles de animal e pretende reduzir seu impacto ambiental até 2025.

Agora, durante a pandemia, a Gucci sai do calendário tradicional da moda, entrando apenas com duas coleções por ano sem estação e formato definidos. Uma dessas apresentações foi a Gucci Fest, um evento 100% digital que ocorreu no final de 2020, que une a cultura audiovisual com a moda. Billie Eilish e Harry Styles foram alguns nomes que tiveram participação no evento. Atualmente, Harry Styles é praticamente um embaixador da marca, valorizando questões relacionadas principalmente, à inclusão.

Harry Styles e Alessandro Michele no Met Gala em 2019 | Foto: Getty Images

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