Entenda o regime militar que está acontecendo em Mianmar

Mianmar é um país localizado no sul da Ásia que sofreu um golpe de Estado no início de fevereiro e sofre mais uma vez com o regime militar.

Mianmar sofreu um golpe de Estado no dia 1º de fevereiro e agora os militares estão no poder do país. Na história do país, a democracia sempre sofreu muitos ataques e muitas ditaduras foram impostas à população.

Para entender um pouco mais da história do país

O país que tem fronteira com a Índia foi uma colônia inglesa durante mais de 100 anos, de 1824 a 1948. Por isso, muitas etnias foram obrigadas a conviver juntas e uma identidade concreta de Mianmar é díficil defirnir até os dias de hoje. Após a independência do estado de colônia, o país teve alguns anos de democracia, mas em 1962 o regime militar tomou o poder. Durante a década de 80 uma figura importante da oposição à ditadura se destacou, Bogyoke Aung San, criou o Partido Comunista da Birmânia (como o país era chamado na época da colonização) e o Partido Socialista. Entretanto, Aung San foi assassinado antes de terminar o processo. Depois da partida dele uma outra figura que esteve ao seu lado passou a ser o rosto da pró-democrata no país, a sua filha, Aung San Suu Kyi.

Suu Kyi fazia comícios por todo o país na época em que a ditadura militar era mais agressiva, com as manifestações a todo o vapor as respostas militares eram brutais. Ela assumiu a liderança de um novo partido, o Liga Nacional pela Democracia (LDN), mas em 1989 foi presa pelo regime. Seu discurso pacificados e luta não-violenta se tornou popular no mundo inteiro, e em 1991 ela foi ganhadora de um Nobel da Paz. Com uma tentativa de apaziguar a situação, o governo militar colocou em uma nova Constituição que se 25% das cadeiras fossem ocupadas por militares, eles permitiram uma Assembleia Nacional.

Foi somente em 2010 que o regime militar foi, de fato, erradicado do poder com a vitória do general reformado The Sein. Em novembro, foi quando Suu Kyi e outros presos duranta a ditadura foram libertados.

Em 2016 ela se tornou conselheira do Estado, mesmo sendo uma figura tão importante no país, porque segundo a Constituição o presidente não pode ter filhos estrangeiros, E Aung San Suu Kyi possui dois filhos ingleses. Mas, ao longo dos anos muito de seus apoiadores questionavam suas ações, visto que militares perseguiam uma rohingyas (uma religião minoritária no país, que é 90% budista) que os assassinavam e segregavam. Em 2020 em uma nova eleição o Partido LDN ganhou as eleições com mais de 80% dos votos popular.

Entretanto, os militares começaram uma campanha para dizer que as eleições foram fraudadas, primeiro judicialmente, sem muito sucesso e ocupando no dia 1º de fevereiro os prédios do Parlamento e do Senado.

Muitos protestos tem sido feitos no país desde então, principalmente por jovens e as tropas têm respondido com ataques com bala de borracha, o que levou uma jovem de 20 anos à óbito dias após ficar internada por ser atingida na cabeça. O acesso à internet também está sendo cortado no país. Os médicos do país entraram em greve, durante a pandemia, afirmando que só voltariam a trabalhar em um regime democrático.

Após semanas de protestos, o porta-voz militar garantiu que o país terá uma nova eleição, mas sem uma data definida. O que gerou maior revolta foi o estado emergência de um ano anunciado, que deixa um entedimento que o poder ditatorial ficará por tempo indeterminado. Segundo o comunicado, Aung San Suu Kyi está viva e em um lugar isolado e seguro. Ela e o partido LDN foram acusados de estarem importando equipamentos de comunicação ilegais.

As notícias sobre o estado em que o país se encontra são compartilhadas nos momentos em que a conexão online é estabelecida e por alguns jornalistas que se arriscam indo até lá para cobrir reportagens. Infelizmente, desde o início do golpe quatro jornalistas foram presos e um da rede BBC está desaparecido.

Confira a nossa matéria sobre os chefes de Estado e qual a explicação para ser diferente em alguns países, como em Mianmar.