A evolução dos desfiles de moda ao longo da história

De pequenas apresentações com público restrito a grandes shows com muito glamour. A estrutura, o público e o modo como as criações eram apresentadas mudaram a história da moda e dos desfiles.

Hoje em dia todos sabemos o espetáculo de criações, luzes e música que é um desfile de moda. Porém, no começo de tudo, estava longe de ser considerado um show e era exclusivamente para compradores.

Voltando na história para década de 1860 (século XIX), a Maison Worth começou a usar modelos reais em vez de manequins para apresentar suas criações. Seu fundador, Charles Frederick Worth, vai organizar desfiles para suas clientes, onde as modelos eram as vendedoras de seu ateliê e sua mulher. Charles, considerado o pai da alta-costura, introduziu as etiquetas nas peças, a criação de coleções sazonais, foi o primeiro a fazer desfiles e a usar modelos ao vivo.

Charles Frederick Worth | Foto: Hulton Archive / Getty Images
Século XX

Com a virada do século, os desfiles se espalharam por Londres e Nova York. Em Paris, o estilista Paul Poiret ganhava destaque pelos seus bailes luxuosos. Lá, os convidados vestiam suas melhores roupas e, consequentemente, serviam como modelos do estilista. Uma de suas festas mais famosas foi The Thousand and Second Night, onde ele apresentou calças de harém e vestidos com abajures. Poiret também ficou famoso por criar trajes que permitiam o abandono dos espartilhos entre as mulheres.

Paul Poiret | Foto: Paul Thompson / Getty Images
Paul Poiret apresentando seu modelo para Gilbert Frankau | Foto: Keystone-France / Getty Images

Nas décadas de 20 e 30, Coco Chanel e Elsa Schiaparelli ganhavam destaque em Paris. E, nessa época, os desfiles ainda não era esse espetáculo que vemos hoje. Eram eventos privativos – só compradores participavam – e ainda não podiam ser fotografados.

Desfile em 1932 | Foto: Vancouver 125

Só depois da Segunda Guerra Mundial que os desfiles passaram a ser abertos ao público para alcançar mais clientes e fazer publicidade. Em 1945, o Chambre Syndicale de la Haute Couture estabeleceu que as casas de alta-costura apresentassem pelo menos 35 peças para noite e para o dia sazonalmente. Em 1947, a primeira coleção da Dior foi fotografada.

Nos anos 50, os eventos mais aguardados eram os desfiles. Porém, ainda não permitiam 100% a entrada de fotógrafos e os desfiles de alta-costura ainda tinham público limitadíssimo. Na década de 60, Yves Saint Laurent surge com uma linha de prêt-à-porter que incluiu seu famoso terno de smoking.

Nos anos 80, começa-se a chamar os desfiles de shows por suas inovações e por ser praticamente um espetáculo. Nomes como Jean-Paul Gaultier e Giorgio Armani ganharam destaque pelos seus desfiles. Em 1989, o designer Martin Margiela fez um desfile no meio da rua na periferia de Paris, envolvendo a população local na preparação do show. Já em 1991, Linda Evangelista, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Christy Turlington entraram juntas no desfile de inverno da Versace cantando Freedom.

Ainda na década de 90, o estilista Thierry Mugler fez o desfile mais caro da história para comemorar os 20 anos de sua marca. Em 1996, Saint Laurent foi polêmica após transmitir pela primeira vez um desfile em tempo real.

Século XXI

O início do século foi marcado pelo ataque às Torres Gêmeas, em Nova York, e isso deu uma desanimada nas Semanas de Moda na época. O estilo vintage estava ganhando destaque e a combinação de peças de roupa de estilistas e de lojas de rua ganhou força.

Em 2005, Roland Mouret apresentou o vestido Galaxy à sociedade e foi considerado como o “vestido mais representativo da última década. No mesmo ano, os gêmeos Dean e Dan Caten usaram a cantora Christina Aguilera para tirar as roupas de seus modelos masculinos no desfile, uma atitude um tanto inusitada.

Em 2014, Chanel teve seu desfile de inverno baseado na rapidez do consumo e na influência pop na moda. Para isso, a maison resolveu transformar o Grand Palais num supermercado. Ao final da apresentação, incentivaram os convidados a levarem alimentos perecíveis como se fossem prêmios.

Nos últimos tempos, a pandemia da Covid-19 forçou os estilistas a se reinventarem e fazerem de seu desfiles, grandes espetáculos mesmo sem público. Falamos aqui na Freezone sobre o desfile de Outono/Inverno da Dior, que você pode ler sobre clicando aqui.

Desfile Alta-Costura Primavera/Verão Chanel | Foto: Chanel/Divulgação
Coleção da Dior inspirada no Tarot | Foto: Divulgação/Dior
Coleção Louis Vuitton Inverno 2021 | Foto: ImaxTree

Por isso que, no cenário atual, houve a necessidade de criatividade e inovação desde a montagem da passarela, até a forma que as roupas serão apresentadas para seu público.

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