Assistentes virtuais são assediadas e recebem mensagens ofensivas

Depois de  95 mil mensagens ofensivas, a assistente virtual do Bradesco resolve se posicionar e tomar atitudes contra o assédio sexual sofrido por todas as mulheres.

No ano passado (2020), a BIA, assistente virtual do Bradesco, recebeu cerca de 95 mil mensagens de assédio sexual e ofensivas. Então, esse ano o banco resolveu expor essa situação, através de um anúncio criado pela Publicis. Com isso, a assistente virtual passará a se posicionar contra isso, com respostas num tom mais direto. Veja abaixo o vídeo do anúncio.

Um estudo de 2019 da Unesco, o “I’d blush if I could” (“Eu coraria se pudesse”, em tradução livre), revelou que, como essas inteligência são desenvolvidas majoritariamente por homens, suas respostas a assédios ou ofensas acabam sendo sempre tolerantes e passivas. Por isso, a empresa desenvolveu a campanha “Hey, update my voice” (“Ei, atualize minha voz”, em tradução livre), que acabou motivando também essa ação do Bradesco.

A campanha consiste em atualizar as respostas dadas por essas inteligências artificiais, para que elas não respondam mais de forma passiva e que sua voz seja ouvida. No site da campanha, você pode mandar sugestões de respostas como “Essas palavras não podem ser usadas comigo e com mais ninguém” para atualizar as assistentes virtuais se receberem alguma mensagem ofensiva, clicando aqui.

Já a Alexa, inteligência artificial desenvolvida pela Amazon, prefere não responder às mensagens ofensivas ou não validá-las. A Amazon disse para a Tilt, o canal de tecnologia do UOL, que acredita nessa atitude por não encorajar “interações inapropriadas”.

Se essa situação acontece até com inteligências artificiais, imagina com mulheres reais. Essas campanhas usam esses casos para falar sobre o assédio sexual sofrido pelas mulheres diariamente. Para termos um pouco de noção do que acontece, a Kering Foundation fez uma pesquisa que apontou que 73% das mulheres do mundo inteiro já sofreram algum tipo de assédio online. Essas atitudes às assistentes virtuais acabam sendo um reflexo do que acontece na realidade.

Isso acontece principalmente em situações cotidianas, no transporte público, por exemplo. O Instituto Locomotiva junto com o Instituto Patrícia Galvão mostraram que 97% das mulheres brasileiras dizem que já foram assediadas em transportes públicos e privados. Esses dados e as campanhas citadas deixam explícito a situação alarmante dessa questão, que acaba acontecendo até mesmo com inteligências artificiais.

Start typing and press Enter to search