Compra da Covaxin é alvo da CPI da Covid

Ministério Público suspeita que a compra da vacina Covaxin, de origem indiana, há envolvimento de superfaturação e empresa de fachada

Nesta semana a CPI da Covid continuou recolhendo depoimento de testemunhas, e na sexta-feira (25) foi o momento em que o depoimentos dos irmãos Miranda acabaram mexendo com todo o cenário político e social. Luís Ricardo Miranda é servidor público e trabalha na área de do Ministério da Saúde como chefe de importação e disse durante o seu depoimento à CPI que a compra da vacina Covaxin era a única em que ele recebia pressão para que os contratos fossem aprovados e a importação feita o mais rápido possível, e foi ai que ele começou a desconfiar.

A Covaxin é uma vacina desenvolvida pela empresa indiana Bharat BioTech e ainda não foi aprovada na terceira fase de testes, e como apurado, é uma das vacinas mais caras disponíveis no mercado mundial. Para saber mais sobre as outras vacinas disponíveis, leia a matéria que a Freezone fez clicando aqui. O contrato da Covaxin foi fechado em 97 dias pelo governo federal, por um preço de R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos.

E, ainda em seu depoimento, Luís Ricardo disse que no dia 20 de março avisou ao presidente Jair Bolsonaro o nome de três pessoas que estavam o pressionando a agilizar o processo de importação das vacinas, em que ele deveria assinar o contrato com a empresa Precisa Medicamentos, que estaria responsável pela transação entre o governo e a Bharat BioTech. Em resposta, Bolsonaro disse que acionaria a Polícia Federal para uma investigação melhor, entretanto, isso não foi feito.

Os nomes divulgador por Luís Miranda foram:

  • Alex Lial Marinho, à época coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde;
  • Roberto Ferreira Lima, diretor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde;
  • Marcelo Bento Pires, diretor de Programa do Ministério da Saúde.

O senador Randolfe Rodrigues disse que a Comissão Parlamentar suspeita que a empresa Madison BioTech, que também receberia antecipadamente um valor de 45 milhões de dólares para repassar o valor para a Bharat seria uma empresa de fachada e que o endereço indicado como a sua sede também teria outras 600 empresas registradas no mesmo local.

O Ministério Público investiga também o sobrepreço divulgado pelo Ministério da Saúde na compra da Covaxin, pois, a Bharat teria divulgado em um telegrama enviado à Embaixada Brasileira e a outros países interessados na compra do imunizante o valor U$ 1,34 por dose. E, alguns meses depois, o Ministério da Saúde divulgou ter aceito comprar milhões de doses, saindo a U$ 15,00 cada.

A Bharat BioTech nega que tenha feito um contrato com o sobrepreço da vacina, e que para países estrangeiros o preço do imunizante poderia variar de 15 a 20 dólares por unidade.

Ainda na sexta-feira, o deputado federal Luis Miranda (DEM), irmão do servidor público Luis Ricardo Miranda também prestou depoimento à CPI e disse tentou marcar um encontrro com o presidente para denunciar a compra da Covaxin mas não obteve retorno. Em um PowerPoint, Luis apresentou conversas com o irmão e alguns trechos do contrato com as empresas. Para conferir e ouvir os áudios apresentados, clique aqui.

Irmãos Miranda na CPI da Covid, Luis Ricardo Miranda à esquerda, o servidor público e à direita Luis Miranda, deputado federal.
( Jefferson Rudy/Agência Senado)

Em resposta, o presidente Bolsonaro pediu que a Polícia Federal abra inquérito e comece a investigar os irmãos Miranda.

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