Incêndio na Cinemateca: a perda da cultura nacional

A Cinemateca Brasileira, administrada pelo Ministério do Turismo, é o maior museu do audiovisual e do cinema da América do Sul.

Na quinta-feira (29), ocorreu um incêndio no galpão da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo. O galpão que abrigava parte do acervo da Cinemateca teve cerca de 1 mil m2 queimados. A unidade principal da Cinemateca, que fica na Vila Mariana (também em São Paulo) não foi atingida.

Incêndio na Cinemateca Brasileira
Bombeiros na Cinemateca | Foto: Ronaldo Silva/Futura Press

De acordo com os bombeiros, o incêndio teria começado no teto de uma sala, onde ficava um acervo histórico de filmes, no 1º andar do prédio. Na hora, uma equipe de uma empresa terceirizada, que foi contratada pelo Governo Federal, estava fazendo a manutenção no ar condicionado. Não há registro de vítimas.

A bombeira Karina Paula disse à Globonews que “provavelmente não foi preservado nada. Porém, no andar térreo tem uma parte grande do acervo histórico que não foi atingido”. No local há materiais altamente inflamáveis, como nitrato de celulose e rolos de filme feitos de acetato, segundo os bombeiros.

No local, havia cerca de 4 toneladas de documentos e 2 mil rolos de filmes, mas não se sabe exatamente o que pode ser resgatado. Mesmo assim, a perda é grande. Equipamentos históricos, roteiros de filmes, arquivos de registro e muitos outros documentos, registros, rolos de filme, roteiros faziam parte do acervo que ficava no galpão.

O INCÊNDIO NÃO FOI UMA SURPRESA

Em agosto de 2020, os funcionários do local foram demitidos porque o governo federal passou a assumir a gestão da Cinemateca, que, desde então, sofre com a falta de cuidados e de manutenção para a preservação do acervo. Apesar disso, servidores da Cinemateca já haviam alertado o risco de incêndio.

Em abril desse ano (2021), eles divulgaram um comunicado pedindo ações urgentes do governo federal – que é responsável pela Cinemateca – para preservar o acervo e assegurar o funcionamento do local.

“O risco de um novo incêndio é real”

dizia o Manifesto, divulgado em abril.

A Cinemateca já havia sofrido outros incidentes. Em fevereiro de 2016, o mesmo galpão pegou fogo, destruindo cerca de 500 produções audiovisuais. Já em 2020, a unidade foi atingida por uma enchente, destruindo cerca de 9 mil rolos de filme, de acordo com o laudo da destruição.

REPERCUSSÃO

A diretora-presidente da Spcine, Viviane Ferreira, disse ao UOL News que o incêndio foi fruto do “descaso do governo federal” na preservação do acervo.

Nas redes sociais, várias celebridades, como Paolla Oliveira, Leandra Leal, lamentaram o incêndio e criticaram o descaso do governo federal com a Instituição. Para o governador de São Paulo João Doria, o incêndio foi um “crime com a cultura do país”

GOVERNO

A Secretaria Especial da Cultura afirmou ao UOL “lamentar profundamente o ocorrido”. O Governo Federal ainda solicitou apoio à Polícia Federal para investigar as causas do incêndio.

De acordo com o Ministério do Turismo, a Secretaria Especial da Cultura pediu apoio à Polícia Federal na investigação, mas “só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo”.

Start typing and press Enter to search