COP26: Entenda tudo que aconteceu até agora

As última semanas foram marcadas pelos encontros dos líderes na COP26 para discutir sobre as ações para prevenir as mudanças climáticas.

No domingo (31), a cidade escocesa de Glasgow recebeu quase 200 países para se dar inicio a maior e mais importante conferência sobre o clima do planeta, a COP26. Estamos entrando na segunda semana de evento e hoje vamos reunir aqui o que aconteceu nesses primeiros dias e em que rumo está a conversa.

Tá, mas o que é a COP26 ?

Em 1992, as Nações Unidas, organizaram no Rio de Janeiro o evento chamado de Cúpula da Terra, quando foi adotada a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unias sobre Mudanças Climáticas). Ali, as nações concordaram em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera” para evitar uma interferência perigosa das atividades humanas no planeta.

Desde que o aordo entrou em vigos, em 94, as Nações Unidas reúnem anualmente quase todos os países do planeta para as cúpulas globais do clima, ou as “COPs”, que significa “Conferência das Partes”. O objetivo do evento é acelerar as ações que cumpram os objetivos do Acordo de Paris e da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

E o que a conferência espera alcançar?

Bom, as negociações oficiais acontecem ao longo de duas semanas sendo na primeira são as técnicas por funcionários do governo e na segunda as reuniões ministeriais de alto nível e chefes de Estado. É na segunda semana que as decisões final serão tomadas – é o que se espera no caso.

São quatro os principais pontos a serem discutidos durante a conferência:

  1. Garantir o fim das emissões de carbono até meados do século para que a temperatura global não ultrapasse 1,5ºC
  2. Se adaptar para proteger as comunidades e habitats naturais
  3. Movimentar as finanças para que as nações de menor renda consigam se ajustar às mudanças climáticas e mitigar novos aumentos de temperatura.
  4. Trabalhar em conjunto para estabelecer colaborações entre os governos, empreses e a sociedade para finalizar todos os quesitos do Acordo de Paris.

Então, vamos às promessas dos primeiros dias de COP26

Sábado é marcado por protestos em Glasgow sobre COP26

Boris Johnson, Primeiro Ministro do Reino Unido, foi o primeiro a discursar no evento em que fez uma relação entre a luta contra o aquecimento global a uma missão do personagem 007. O Ministro disse a seus companheiros líderes que eles poderiam ser como James Bond nesse momento para desarmar desarmar a bomba.

O dispositivo Doomsday é real, e o relógio está correndo ao ritmo furioso de centenas de bilhões de turbinas e sistemas … cobrindo a Terra com uma manta sufocante de CO2

Boris Johnson , Primeiro Ministro britânico em seu discurso na COP26

A realeza também discursou tendo primeiro o Príncipe Charles encorajando os líderes a trabalharem juntos e pedindo um “mundo em pé de guerra” contra as mudanças climáticas. No final do dia a Rainha Elizabeth II apareceu dando as boas vindas aos líderes mundiais através de um discurso em vídeo devido as restrições impostas pela pandemia.

“Algumas vezes foi observado que o que os líderes fazem por seu povo hoje é governo e política. Mas o que eles fazem pelo povo de amanhã – isso é o estadista”

Disse a Rainha em seu discurso.

Pedido de desculpas Norte Americano

No primeiro dia o Presidente Norte Americano, Joe Biden, se desculpou pelo país ter saído do Acordo de Paris durante o governo do ex-presidente Donald Trump. Ele também afirmou que o país anunciará novas iniciativas nos setores de agricultura, combustíveis fósseis e na luta contra o desmatamento.

“Esta é a década que determinará as próximas gerações. É a década decisiva, em que temos a oportunidade de demonstrar que podemos manter o objetivo de 1,5 grau”

Disse o Presidente Joe Biden em seu discurso.

Ele menciona que o “governo está trabalhando horas extras para mostrar que o compromisso norte americano com o clima é uma questão de ação, não de palavras” porém os legisladores democratas ainda não chegaram a um acordo quanto ao pacote econômico que inclui US$ 555 bilhões em provisões para mudanças climáticas.

E o compromisso em zerar as emissões de carbono

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia reforçou a importância de que seja respeitado o limite de 1,5 grau. Como ela disse “estamos ficando sem tempo” e “Zero emissões em 2050, está bom, mas não é suficiente”. A Índia por exemplo fez a promessa de zero emissão até 2070. Apesar de um importante anúncio a data meta é uma década mais tarde que a da China e duas décadas depois que o mundo no geral precisaria atingir as emissões de zero líquido.

O diretor do programa climático do WRI Índia, Ulka Kelkar, disse que por causa do desenvolvimento econômico e à matriz energética da índia, a data não pode ser comparada a dos EUA ou da Europa e que o Net-zero ainda é um tópico muito novo para os indianos mas que só de ter esse conceito entendido já será um sinal forte para os setores da indústria. Com o anúncio da Índia, todos os dez maiores países com energia carbonífera se comprometeram com o valor líquido zero, segundo o grupo de estudos climáticos Ember.

Pedro Sánchez, presidente do Governo da Espanha, confirmou o compromisso do país de aumentar sua contribuição para o Fundo Verde para o Clima em 50%. Ele também fez um apela à comunidade internacional pedindo a uma maior ambição para alcançar os objetivos contra as mudanças climáticas.

A tristeza das pequenas nações

Ainda dentro do tópico “zero carbono”, o presidente da Bolívia, Luis Arce, falou sobre a imposição de regras e apostas cada vez mais altas feitas pelos países desenvolvidos os acusando do que chamou de “colonialismo do carbono”.

Percebemos que os países desenvolvidos estão simplesmente ganhando tempo, sem nenhum sentido de responsabilidade para com a humanidade e a Mãe Terra.
Estão tentando impor as suas próprias regras do jogo nas negociações climáticas continuarem a alimentar o novo sistema capitalista verde e promovendo que os países em desenvolvimento precisam assumir estas regras sem nenhuma escolha.

Lamentou Luis Arce em seu discurso.

Existem nações que já estão em situação de alto risco devido as consequências das mudanças climáticas como o caso da Ilha de Barbados. Mia Mottley, primeira-ministra reafirma a urgência de ações efetivas. Ela disse que é um “código vermelho para a China, os EUA, a Europa e a Índia”. A Ilha de barbados já está e situação ameaçada devido a elevação do nível do mar.

Outros líderes de nações menores seguem demonstrando o descontentamento com os discursos apresentados e afirmando que as metas estabelecidas não vão “longe o suficiente para conter o aumento global das temperaturas de 1,5 Celsius”, como disse Gaston Browne à CNN.

Já ouvimos tudo isso antes. O que precisamos é de uma ação. Não estou otimista de que será suficiente.

Laurentino Cortizo, presidente do Panamá.
Presidente Jair Bolsonaro não vai a COP26 em Glasgow

E o Brasil, como que estamos nisso tudo ?

No dia 2 de novembro, o País assinou o Compromisso Global sobre o Metano em conjunto com outros 96 países. Esse Compromisso tem por objetivo reduzir 30% das emissões de metano até 2030. De acordo com o Seeg, no Brasil cerca de 70% das emissões e concentram no setor agropecuário.

Segundo a Folha de São Paulo, o Brasil resistia ao acordo, que implica a revisão de processos da pecuário. Entretanto com a pressão externa o país aceitou fazer sua parte. A Folha explica que os assinantes do compromisso representam 46% das emissões do gás.

Nesse mesmo dia foi anunciado a Declaração das Florestas e reuniu pelo menos 124 países, entre eles o Brasil –ufa, inclusive. Essa declaração tem por objetivo preservar as florestas e reduzir o desmatamento e a degradação dos solos até 2030.

Apesar desses movimentos o Brasil continua com um posicionamento bem isolado em relação as ações de combate as alterações climáticas. Isso devido a alta no desmatamento e degradação ambiental e o negacionismo que o governo atual tem se posicionado.

E o “Fóssil do Dia” vai para…

No sexta, dia 05, o Brasil levou o prêmio de Fóssil do dia devido o péssimo tratamento que os povos indígenas tem recebido. A decisão foi feita depois do discurso da ativista indígena Txai Suruí sobre os impactos que as mudanças climáticas já estão tendo em seu povo ter sido criticado pelo presidente Jair Bolsonaro.

O prêmio é dado de forma irônica, uma vez por dia durante as conferências climáticas da ONU desde 1999. Os membros da Rede de Ação do Clima votam no país considerado como tendo feito o “melhor” para barrar o desenvolvimento das negociações nos últimos dias.

Os ativistas também criticaram o fato do presidente não ter ido a Glasgow mas acrescentaram de forma irônica que a ausência de Bolsonaro foi positiva pois assim os líderes estariam prontos para assinar acordos sobre metano e florestas – claramente nossa maior dor devido desleixo do Ministério do Meio Ambiente.

Entretanto, não para por aqui!

Essa semana entraremos na última da COP26 e nós da Freezone ficaremos de olhos abertos e canetas na mão para trazer todas as informações sobre a conferência. Fiquem atentos!

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