A gigante do fast fashion anunciou uma doação para ajudar a resolver o crescente problema que o setor da moda vive. Agora, a pergunta que fica é: Seria de fato um passo para a responsabilidade ambiental ou mais uma forma de greenwashing?
Antes de falarmos sobre o acontecido é importante que você entenda o que é o greenwashing. De forma resumida, é quando uma organização coloca todos os seus esforços em se promover como ambientalmente responsável do que realmente trabalhando para minimizar seu impacto ambiental. O famoso fala muito e faz nada, sabe? E sério, vocês ficariam chocados se soubessem o tanto que isso é uma prática comum 😷😷
Ok, mas como isso se aplica na indústria da moda, querida Fz?
Sabemos que a indústria têxtil é uma das maiores responsáveis pela degradação ambiental e um setor extremamente problemático, devido ao alto consumo de recursos naturais, as terríveis práticas de descarte e condições de trabalho, correto? correto. Pois bem…
Hoje o fast fashion é responsável por estimular esse consumo desenfreado e por consequência aumentar todo esse ciclo de destruição. Em 2021, o G1 mostrou um dos lixões clandestinos localizados no deserto do Atacama, no Chile.
São montanhas que crescem cerca de 59mil toneladas por ano entrando na zona franca do porto de Iquique. São roupas feitas na China ou em Bangladesh e compradas, por exemplo, em Berlim ou Los Angeles, antes de serem jogadas fora.
De acordo com estudo da ONU de 2019, entre 2000 e 2014 a produção de roupas no mundo dobrou. Nele também é relatado que um par de jeans consome 7.500 litros de água e que a fabricação de roupas e calçados gera 8% dos gases de efeito estufa.
Quando pensamos em fast fashion, estamos falando de um modelo de venda em larga escala de consumo rápido onde as peças tem baixo preço e baixa qualidade. Apesar de deixar a moda um pouco mais acessível pelos preços baixos, a excessiva demanda de novas peças, para suprir um número desnecessário de novas coleções, faz com que esses números cresçam cada vez mais.
E claro, quanto mais esses dados são levantados, mais as empresas tendem a querer se posicionar como ambientalmente amigáveis para conquistar o público que se tornou mais preocupado com essas questões.
Ah ta, mas e a Shein, o que tem haver?
A marca anunciou na última quarta-feira uma parceria com a The Or Foundation, lançando um Fundo de Responsabilidade Ampliada do Produtor. O objetivo desse fundo é apoiar os esforços de gestão de resíduos em comunidades fortemente afetadas pelo descarte de materiais têxteis.
O EPR (sigla em inglês), fará com que a marca dedique 50M de dólares nos próximos cinco anos para desenvolve essa economia circular. A ideia é avançar no design e na implementação de estratégias de sustentabilidade ecológica e social focadas em roupas que entraram no comércio global de roupas de segunda mão e muitas vezes são descartadas como lixo.
De acordo com Alexander Onukwue, da Quartz, cerca de 15 milhões de roupas de segunda mão chegam por semana da Europa e América do Norte. Dessas somente 60% são úteis e o resto e acumula em aterros sanitários.
Hoje, a Shein possuiu um posicionamento bem forte no mercado como uma marca “acessível” e que segue esse modelo. Por meio desse compromisso, a Or Foundation diz que a gigante chinesa está reconhecendo que suas roupas são parte desse problema.
Estamos pedindo às marcas que paguem a conta devida às comunidades que gerenciam seus resíduos, e este é um passo significativo. O que vemos como verdadeiramente revolucionário é o reconhecimento de Shein de que suas roupas podem estar terminando aqui em Kantamanto, um simples fato que nenhuma outra grande marca de moda se dispôs a declarar ainda
Declarou Liz Ricketts, Co-fundadora e Diretora Executiva da The Or Foundation.
De fato, é uma mudança importante e extremamente significativa. É o que esperamos de organizações de porte como a da Shein, mas não podemos deixar de considerar que isso se torne somente mais palavras ao vento. De todo modo, esperamos que de fato o plano seja executado como foi apresentado e vamos ficar de olho por aqui 😉