A arte da resistência

Constantemente nos deparamos com diversos temas sendo debatidos na internet: seja sobre a última tendência de moda, seja o álbum mais vendido da década, ou seja sobre o protesto contra a desigualdade racial.

E a arte tem sido uma grande ferramenta para o combate ao preconceito e à discriminação como também um grande meio de propagar a história de grandes figuras – seja política ou artística – para o público. Pensando nisso, a Freezone separou grandes artistas (e artes) para vocês darem uma olhada e anotarem na sua listinha de indicações.

Vamos iniciar com grandes ilustrações, começando com Helô D’Angelo.

Helô D’Angelo (@helodangeloarte) é ilustradora e quadrinista. Seus quadros têm como principal foco temas políticos, sociais e do cotidiano, como o feminismo, meritocracia, pandemia, vida adulta etc, sendo a sua abordagem repleta de ironia e humor.

Divulgação: Trecho quadrinizado do livro ”Memórias da plantação”, de Grada Kilomba

Você pode acompanhar o seu portfólio clicando aqui. Há também a Helojinha, onde você pode adquirir o livro de ilustrações da Helô, assim como adesivos, chaveirinhos e prints. É um mais lindo que o outro! E não se esqueça de apoiar a arte da artista para que a mesma possa continuar criando lindas artes e produtos para o seu público. Afinal, o coraçãozinho da Helô ela já ganhou, haha <3

”Acreditamos que uma mulher confortável em si é uma revolução”

Este é o lema de Lela Brandão. Artista plástica e ilustrado, Lela traz em suas criações a mensagem um tanto quanto necessária para as mulheres: desconstrução e autoconhecimento como as suas principais pautas.

E pensando no conforto das mulheres, Brandão decidiu criar uma loja com roupas confortáveis pensando na diversidade dos corpos femininos e nos diversos tamanhos e formas que os mesmos apresentam, sendo vestimentas adequadas tanto para arrasar nas festas da vida quanto para aproveitar o descanso em casa. As roupas são 100% de algodão, com estampas autorais feitas em serigrafia manual. No mês de novembro de 2021, a artista concedeu uma palestra ao TEDx Talks falando sobre o início da criação de sua loja e o que a levou a tomar esta decisão, tocando na tecla da importância de você se deparar com uma roupa e sentir-se representada naquele momento. Confira abaixo!

E por falar em autoestima, vocês já ouviram falar em Madam C. J. Walker?
Madam C. J. Walker, também conhecida como Sarah Breedlove

Também conhecida como Sarah Breedlove nasceu no dia 23 de dezembro de 1867, em uma plantação de algodão em Louisiana. Era filha de escravos recém libertos, sendo a primeira dos seus cinco irmãos a nascer livre. Aos cinco anos ficou órfã e foi morar com a irmã mais velha e o irmão no Mississipi.

Madam foi a primeira milionária self made negra dos Estados Unidos ao lucrar com linha de produtos capilares voltados para mulheres com cabelo afro. Esta iniciativa foi tomada após o seu couro cabeludo se encontrar completamente danificado, por causa de alergias a produtos de sabonete, deixando-a careca.

A jornalista A’Leila Bundles conta que durou cerca de cinco décadas para divulgar a história de sua trisavó, Sarah Breedlove, fazendo-a dedicar boa parte de sua vida para reunir dados históricos sobre a sua vida. Com isto, a empreendedora norte-americana ganhou uma série na Netflix com quatro episódios, interpretado por Octavia Spencer, ganhando notoriedade de sua trajetória marcado pela braveza, principalmente em um período onde o racismo ainda se encontrava enraizado, apesar da suposta liberdade dada aos ex-escravos.

Divulgação Netflix / Octavia Spencer interpretando Sarah Breedlove na série ”
A Vida e a História de Madam CJ Walker”
Continuando na vibe dos filmes

Precisamos falar sobre, não apenas um filme clássico, mas sobre uma personalidade histórica que usou de sua voz pelo bem dos direitos. Estamos falando de ”Milk – A voz da Igualdade”, um filme estadunidense de 2008, dirigido por Gus Van Sant.

O filme retrata a trajetória de Harvey Milk, quando o mesmo se muda para Nova York junto com o namorado com a ideia de abrir uma loja de fotografia na rua Castro. Em seguida, o bairro torna-se referência na luta pelos direitos dos homossexuais. E para tornar a coisa mais história, Milk tornou-se o primeiro homossexual declarado a ser eleito para um cargo público na California como membro da Câmara de Supervisores de São Francisco, comandando campanhas pelos direitos dos gays. O filme resultou em 89% de aprovação, sendo avaliado pelo Metacritic com 83 de metascore em base de 39 avaliações profissionais.

E para finalizar com chave de ouro

Recentemente, recebemos a lamentável notícia do falecimento da cantora Elza Soares. A sua trajetória nesta terra foi marcado por dores e sofrimentos, mas apesar de todo o abalo que a vida lhe trouxe, Elza sempre manteve muita vida em sua voz e suas músicas eram um próprio grito de protesto, tanto com a sua vida quanto com a de milhares de pessoas que se sentiam representadas pelas suas canções. Foram 91 anos de todo um legado marcado pela sua contribuição artística que Elza deixou em nosso país, considerada pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio em 1999. Mentiu?

À luz disso, decidi trazer para vocês a canção ”Mulher Do Fim Do Mundo”, lançado em 2015. Na música, Elza fala sobre sua trajetória de sobrevivência. Na primeira estrofe da canção ouvimos o seguinte:

Meu choro não é nada além de carnaval

É lágrima de samba na ponta dos pés

A multidão avança como vendaval

Me joga na avenida que não sei qual é

Mulher do fim do mundo – Elza Soares

Percebe-se que apesar de todo o sofrimento, Elza decide ressignificar toda a sua dor em euforia, simbolizando o Carnaval.

E mesmo apesar de todas as injustiças, tanto sociais quanto raciais, ela brada:

Na avenida deixei lá

A pele preta e a minha paz

Na avenida deixei lá

A minha farra minha opinião

A minha casa minha solidão

Joguei do alto do terceiro andar

Mulher do fim do mundo – Elza Soares

É de se arrepiar! Clique aqui para admirar mais ainda esta obra-prima.

Por conta de nossas vivências, sabemos o quão importante é termos pessoas que falem por nós através de sua arte, como um meio de protesto. Então me fale sobre você. Quais são as figuras históricas que mais marcaram a sua vida e qual artista você mais se identifica por conta da mensagem transmitida? Conta pra gente que a Fz quer saber! <3

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