Depoimentos dos ex-ministros marcam o início da CPI

Os depoimentos de Mandetta, Teich, Queiroga e Pazuello foram os mais importante e esperados recolhidos até o momento na CPI da Pandemia, que está em sua terceira semana de interrogatórios.

Todos os ex-ministros que estiveram no cargo do Ministério durante o ano um da pandemia do coronavírus já prestaram depoimento na CPI, e além deles, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga também já passou pelo Inquérito Parlamentar. Se você está em duvida sobre o que é a CPI, nós já fizemos uma matéria em nosso site explicando o que é e como ela é realizada, para ler clique aqui.

Luiz Henrique Mandetta

O primeiro a prestar depoimento, Luiz Henrique Mandetta assumiu a pasta do Ministério em 2019 e ficou até abril de 2020, quando o Brasil ainda estava enfrentando o início de sua primeira onda de contaminação. Ele depôs por mais de sete horas no Senado e não fugiu de nenhuma pergunta dos relatores. Mandetta disse que foi demitido do Ministério pelo Presidente Bolsonaro, pois, ele não seguia as ordens do chefe do Executivo.
Durante sua declaração, Mandetta contou que houveram reuniões em que Bolsonaro pedia à Anvisa a inclusão do tratamento preventivo da cloroquina em combate ao coronavírus, mas sempre fora negado pois não há estudos que comprovam isto. Mandetta, que teve um depoimento de mais de sete horas ainda disse que era difícil manter a comunicação com outros minstérios, e que o Governo tinha uma campanha de “vencer o vírus” e não de informar a população sobre o real risco. Ele também afirmou que o Brasil nunca entrou em nenhum lockdown.

Luiz Henrique Mandetta, na foto, durante seu depoimento na CPI da Pandemia durante mais de 7 horas e foi Ministro da Saúde por mais de um ano.
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Nelson Teich

Teich assumiu o cargo de Ministro da Saúde após a saíde da Mandetta, e ficou na pasta durante 28 dias. O ex-ministro da Saúde diz que pediu demissão por divergências com Bolsonaro quanto à cloroquina e falta de autonomia para conduzir a pasta. Presidente dava ouvidos a “outros profissionais”, afirma. Revelou ainda que não concordava com a sucessão de Pazuello no Ministério, pela falta de experiência do mesmo.

Nelson Teich deu depoimento à CPI durante mais de 6 horas, e esteve como Ministro da Saúde durante apenas 28 dias.

Eduardo Pazuello

Um dos depoimentos mais esperado da CPI sem dúvidas nenhuma foi de Pazuello, e após adiamento, pedido de habeas corpus no STF para se recusar a responder algumas perguntas, o militar depôs durante dois dias, pois, no primeiro assim que foi pressionado pelos senadores teve um mal estar e precisou de atendimento médico.
Após quatro meses da saída de Teich, Pazuello assumiu o cargo de ministro do Ministério da Saúde, antes disso trabalhava apenas como interino. Diferentemente dos ministros anteriores, Pazuello não possuía nenhum conhecimento na área de saúde e é um militar na ativa que trata de logística. Durante os meses em que ficou na liderança da pasta, o Brasil sofreu grandes índices de contaminação, mortes e a falta da vacina que nunca foi negociada. Em depoimento na semana anterior, o representante da Pfizer na América Latina disse que o país nunca respondeu nenhuma das mais de 5 cartas enviadas para negociação da compra das vacinas. Pazuello disse que tinham cláusulas “absurdas” que o Brasil desejava que fossem mudadas, entretanto, não aconteceu. Vale ressaltar que os contratos da Pfizer foram iguais em todos os países do mundo, e o Brasil que foi um dos primeiros países a ser procurado para se tornar uma vitirine de vacinação acabou se tornando um dos países com maior atraso na imunização. O militar durante o seu depoimento ainda disse que sentia que tinha cumprido a sua missão diante do cargo, e negou o fato de que Manaus sofrera sem oxigênio por mais de 20 dias, alegando que tinham somente 3. Ainda nas declarações disse que o Governo Federal não poderia comandar os Estados e Cidades, além de reafirmar várias vezes que não recebia ordens do Presidente Bolsonaro. Durante várias questões, Pazuello mentiu sobre várias questões abordadas em que há provas confirmando sua inverdade. O presidente da CPI, Omar Aziz entrou com um requerimento para que Pazuello faça um novo depoimento.

Eduardo Pazuello durante seu depoimento à CPI que durou dois dias. Ele fugiu das perguntas sobre a influência do presidente Bolsonaro no Ministério enquanto ainda o comandava.
(Foto: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO)

Marcelo Queiroga

O atual ministro da Saúde também foi um dos depoimentos recolhidos na CPI, e não teve nada de surpreende em suas declarações. Como parte do governo, Queiroga disse que a resposta para o vírus é a vacinação. E ao ser questionado sobre o uso da cloroquina, ele afirmou que essa é uma “questão de natureza técnica” e que existem “correntes diferentes” entre os médicos. O ministro acrescentou que não fará “juízo de valor” sobre a opinião de outros. A ausência de uma resposta concreta irritou parte dos senadores e provocou discussão entre governistas e oposição. Sobre o mesmo tema, Queiroga disse que “não houve pressão” sobre sua gestão para recomendação de nenhum medicamento.

Marcelo Queiroga é o atual Ministro da Saúde.

Os depoimentos ainda seguirão na CPI nesta semana, e a intenção da Inquisão Parlamentar é descobrir e dar uma resposta para as famílias de mais de 440 mil mortos no país e porquê algumas medidas que poderiam ter sido tomadas antes para evitar tantas perdas foram negadas. A ideologia negacionista comandou o país durante toda a pandemia até o momento atual? Eis a questão que todos querem saber.

Para saber mais o nome dos próximos depoimentos que são esperados na CPI, acesse o site do Senado para saber.

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