Viagens espaciais: evolução ou a completa destruição?

As “corridas espaciais” dos bilionários se tornaram um tópico de grandes questionamentos. Estariam elas salvando a humanidade ou destruindo por completo o que nos resta de planeta?

Empresas como a SpaceX, Blue Origin, Space Adventures e a Virgin Galactic tem revolucionado a maneira como pensamos em viagens espaciais. A ideia de que esse tipo de viagem se torne cada vez mais corriqueira já é uma realidade visto que a empresa de Richard Branson, Virgin Galactic, já teria vendido, ao menos, 600 passagens de US$ 250 mil por ingresso ao limite ao limite atmosférico terrestre.

Branson fez sua estreia no espaço no dia 11 de julho inaugurando a primeira viagem espacial comercial. No dia 20 de julho foi a vez de Jeff Beezos acompanhado de Mark Beezos, Wally Funk e Oliver Daemen, primeira pessoa a ter pago por esse tipo de viagem.

Fun fact: No episódio “The War of Art” de Simpsons, traz o falsificador de art Klaus Ziegler se vangloriando de seu trabalho para Lisa Simpson. E quem mais aparece nesse episódio? Isso mesmo! Branson era visto como exemplo em seguida, admirando uma pintura enquanto flutuava no interior de uma nave espacial. Coincidência?

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Viagens Espaciais X Meio Ambiente

Brincadeiras a parte, a preocupação é de extrema relevância.

Uma pesquisa levantada pelo site de viagens Champion Travelers aponta que um lançamento de foguete da SpaceX produz o equivalente a 395 voos transatlânticos em emissões de CO2. Quando os foguetes são lançados no espaço eles precisam de uma grande quantidade de químicos para sair da atmosfera. Para Nasa é hidrogênio líquido, em seu novo Sistema de Lançamento Espacial, para o Falcon 9 da SpaceX é querosene. Esses combustíveis emitem diversas substâncias na atmosfera, incluindo dióxido de carbono, água, cloro e outros produtos químicos.

Apesar dos números relativamente pequenos se comparados a indústria aeronáutica, Eloise Marais, professora de Geografia Física da UCL, declarou para o The Guardian que as emissões dos foguetes são emitidas diariamente para a alta atmosfera, o que significa que permanecem lá entre dois a três anos. Marais explica que até mesmo a água pode ser uma substância que, quando injetada na alta atmosfera, contribui para o agravamento do aquecimento global pois pode formar nuvens.

Já no solo, todos esses combustíveis emitem altos níveis de calor que podem adicionar ozônio da troposfera, atuando como gases de efeito estufa e retendo o calor. Na alta atmosfera, a camada de ozônio pode ser destruída pela combinação de elementos da queima de combustíveis, tais como dióxido de carbono, querosene e metano, que também produzem fuligem.

Foguete da Blue Origin, empresa de Jeff Beezos em decolagem.

E não para por aí…

“Embora haja uma série de impactos ambientais resultantes do lançamento de veículos espaciais, o esgotamento do ozônio estratosférico é o mais estudado e mais imediatamente preocupante

Jéssica Dallas, consultora sênior de políticas da Agência Espacial da Nova Zelândia e autora, em uma análise de pesquisas sobre emissões de lançamentos espaciais no ano passado

Um novo relatório do mercado estima que o mercado global de turismo espacial chegará a US$ 2,58 bilhões em 2031, crescendo 17,15% a cada ano nos próximos 10 anos. Antes as conquistas espaciais de viagem suborbital era focadas em missões de abastecimento de carga para a Estação Espacial Internacional e lançamentos de satélites. O foco mudou e atualmente se tornou o transporte no espaço, explorações planetárias e turismo espacial.

Com todos os impactos nítidos, e futuramente já calculados, os bilionários vem sendo alvo de críticas e precisos questionamentos. Todo dinheiro investido nas tecnologias espaciais para turismo e exploração poderiam estar sendo investidos para tornar a vida em nosso planeta melhor, onde a cada ano incêndios florestais, ondas de calor e frio intenso e outros desastres climáticos se tornam frequentes.

“Alguém mais está alarmado que bilionários estão tendo sua própria corrida espacial privada enquanto ondas de calor que quebram recordes estão acendendo um ‘dragão cuspidor de fogo de nuvens’ e cozinhando criaturas marinhas até a morte em suas conchas?”

Robert Reich, ex-secretário do Trabalho dos Estados Unidos, postou em seu twitter.

É inevitável toda empolgação com o avanço da tecnologia e exploração espacial, mas Marais pede cautela à medida que a indústria do turismo espacial cresce. Atualmente não há regras internacionais sobre os tipos de combustíveis usados e seu impacto no meio ambiente. “Não temos regulamentações atualmente sobre as emissões de foguetes”, diz ela. Esse é um dos seis problemas listados pelo site Vox para os principais danos que essa exploração pode causar.

Bilionários way of life

Com as críticas, Musk argumenta um visão diferente de todo esse processo de estudo e exploração. Existem diversos tipos de ameaças que podem dizimar a humanidade e a biosfera terrestre. Por isso, em sua visão, é preciso pensar em alternativas para evitar potenciais catástrofes e a eliminação completa da raça humana.

“Aqueles que atacam o espaço talvez não percebam que o espaço representa esperança para muitas pessoas”.

Elon Musk, via Twitter
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A colonização de Marte como um planeta reserva seria então um “mal necessário” para garantir a segurança dos seres humanos. Em entrevista ao portal Aeon, Musk disse o seguinte sobre seus planos de colonização de Marte:

“Eu acho que há um forte argumento humanitário para tornar a vida multiplanetária a fim de salvaguardar a existência da humanidade no caso de algo catastrófico acontecer, caso em que ser pobre ou ter uma doença seria ser irrelevante, porque a humanidade estaria extinta. Seria como, ‘Boas notícias, os problemas da pobreza e das doenças foram resolvidos, mas a má notícia é que não sobrou nenhum ser humano’.”

Mas voltando as mudanças climáticas

Será que o plano interplanetário representa realmente a esperança para as pessoas? E se sim, me pergunto para quais pessoas? O momento é de urgência para a velocidade que a temperatura na Terra tem sofrido. A ONU já deixou bem claro o alerta vermelho como vimos na última declaração. Será que o pensamento a longo prazo não tem um preço alto demais?

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