Voto impresso: derrotado no dia do desfile das tropas

Horas após um desfile das tropas militares em Brasília, a proposta de instituir voto impresso nas eleições de 2022 é barrada na Câmara dos Deputados

O voto impresso começou a ser falado sobre o presidente Jair Bolsonaro desde 2018, quando ele ganhou as eleições presidenciais no segundo turno. Segundo Bolsonaro, a fraude nas urnas eletrônicas ocorreu porque, nas pesquisas, ele venceria no primeiro turno. E, desde então, o líder do executivo tem feitos discursos para que o sistema eleitoral do Brasil passe a ter os votos impressos, porque segundo a teoria dele, as eleições seriam mais seguras.

Este discurso já foi ouvido este ano nas eleições dos Estados Unidos, quando o então ex-presidente Donald Trump não aceitou a derrota no país e sugeriu que as eleições haviam sido fraudadas. Detalhe importante: o voto nos Estados Unidos ainda é feito de modo impresso e não obrigatório. Em conclusão, Trump entrou com processos para a recontagem dos votos em alguns Estados e em todos foi comprovado que não houve nenhuma fraude nas contagens e foi, mais uma vez, comprovada a sua derrota.

Voltando ao Brasil

A proposta do voto impresso se tornou um tema recorrente de Bolsonaro nas últimas semanas – sem apresentar provas, ele alega que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas e que apenas o registro físico do voto permitiria uma auditoria do resultado do pleito, o que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) refuta. De acordo com a oposição do presidente e de especialistas políticos, Bolsonaro não está de fato preocupado com com a segurança do voto, e sim tentando gerar desconfiança sobre o sistema eletrônico em seus eleitores, caso em 2022 ele não se reeleja.

A PEC foi analisada em uma plenária da Câmara, uma ocasião um pouco incomum, mesmo após ter sido rejeitada em uma votação na semana anterior. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, era melhor levar o assunto adiante para que fosse votado na principal instância da Casa de forma definitiva.

Para a aprovação da PEC e a mudança no sistema eleitoral era preciso obter 308 votos a favor dos deputados, e só foi alcançado 229 e 218 contra a PEC.

Na mesma manhã da terça-feira (10) as Forças Armadas fizeram um inédito desfile de tanques em frente à Esplanada, tendo o presidente e seus apoiadores como platéia. O pretexto para a parada militar foi a entrega de um convite a Bolsonaro para assistir a um treinamento da Marinha que ocorre anualmente em Formosa (GO), cidade próxima de Brasília. No entanto, foi a primeira vez que esse convite foi entregue junto com uma exibição de equipamentos das Forças Armadas. Deputados opositores alegam que o desfile foi uma tentativa de intimidação no dia da votação da PEC.

Tanque leve SK-105 Kürassier, dos Fuzileiros Navais, solta fumaça ao passar pelo Palácio do Planalto
(Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress)

A urna eletrônica já passou várias vezes pela atestação de sua segurança, e no site do Tribunal Superior Eleitoral é capaz de ler uma matéria que indica todas essas informações. Para ler mais, clique aqui.

A PEC já fora rejeitada na Câmara, mas é de conhecimento público que este assunto ainda não está encerrado. E nós iremos continuar de olho, porque em 2022 começará a campanha eleitoral para votação de Presidente da República.

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